Procura-se país simpático e competitivo para futuros investimentos
Atracção de investimento! – eis o anseio repetido até à exaustão, por qualquer responsável político, desde um ministro da economia ao presidente de uma pequena autarquia (especialmente, nestes exigentes tempos de eleições). Um desejo legítimo, uma vez que é dos investimentos, especialmente dos de grande dimensão, que surgem os meios para criar empregos, reproduzir riqueza e financiar os serviços públicos que usufruímos. Mas, questiono-me, será que todos teremos a real noção das condições estruturantes para tornar um país ou uma região apelativos para atrair os tão ansiados investimentos? Esta não é, seguramente, uma ciência oculta! Na semana passada, foi apresentado pelo Fórum Económico Mundial o ranking global de Competitividade. Numa lista de 148 países estudados, Portugal surge em 51.º lugar, baixando duas posições em relação ao ano anterior. Ao contrário do que alguns pensarão, esta classificação não se resume a meros indicadores “economicistas”. A competitividade é aqui estudada num conjunto de áreas: as instituições e seu funcionamento, o nível de regulação, as infra-estruturas, a educação, nível de ensino superior e formação, os mercados de trabalho, a fiscalidade, a inovação e a tecnologia, entre outras que, objectivamente, tornam alguns países mais atractivos e apelativos que outros. Não valerá a pena entrar em detalhe, mas talvez perceber como somos avaliados globalmente e como podemos desenvolver, com mais rapidez e eficácia, os nossos esforços de melhoria. O diagnóstico é claro, similar aos últimos anos: a economia portuguesa continua a ter maus desempenhos nos mesmos indicadores (clima macroeconómico, desenvolvimento dos mercados financeiros ou a eficiência do mercado laboral) e a destacar-se positivamente em áreas em que apostámos fortemente nas últimas duas décadas (inovação, aptidão tecnológica, educação superior e formação). Aparentemente, também estamos bem colocados em segurança, nas infra-estruturas, no acesso a tecnologias e na saúde – e de destacar a rede de estradas que, pelos vistos, é a 4ª melhor do mundo. Então onde devemos actuar? Também aqui, o relatório é claro: nos mercados que permitem o acesso ao financiamento (ex. crédito às empresas), na redução da burocracia e da carga fiscal, na construção de consensos nacionais que mitiguem a instabilidade política ou na revisão das leis laborais, de modo a que facilitem a contratação. E na fiscalidade, claro, onde a reforma do IRC, em fase final de definição, terá um papel importante como factor de atractividade. Em suma, se pensarmos de modo global, olhando para o mundo como o nosso mercado, mitigando os nossos pontos fracos e aperfeiçoando os pontos fortes, estaremos no caminho certo. A marca “Portugal” tem, efectivamente, um enorme potencial: contém atributos de simpatia, acolhimento, qualidade de vida e espírito empreendedor. É apreciada lá fora pela maioria dos investidores e gestores que nos conhecem melhor. Criar condições estruturantes cá dentro e comunicar bem lá fora são os requisitos para a economia competitiva que todos ambicionamos. Carlos Sezões