Thursday, July 28, 2011

Resiliência: a palavra-chave


Olhemos à nossa volta, para os nossos desafios, sejam eles pessoais, profissionais, ou outros…que observamos? Mudanças constantes a um ritmo alucinante, elevada pressão para resultados no curto-prazo, inovação acelerada, alterações de rumo, cada vez maior dificuldade de prever o futuro. Sentimos isto nas nossas vidas bem como no seio da nossa sociedade e do nosso país. Que fazer? Entrar em pânico, em depressão ou ceder a um esgotamento físico ou psicológico não são hipóteses a encarar. A palavra-chave dos tempos actuais é, sem dúvida, a Resiliência.
Mas em que consiste afinal a Resiliência? Como é sabido no meio da psicologia e da gestão recursos humanos, é um termo “roubado” à Física (onde é usado para caracterizar os materiais) para avaliar a capacidade dos indivíduos resistirem à pressão e ao choque, ao impacto das adversidades e retomarem rapidamente a postura inicial. Quem se sente excessivamente pressionado por uma meta profissional aparentemente inatingível, pela atitude e pressão de um chefe, por um ambiente hostil no local de trabalho, pela cada vez maior dificuldade em gerir o orçamento familiar pagar as contas no final do mês, ou por conflitos interpessoais, sente uma pressão constante e desgastante. Quem acaba de perder um emprego ou sofre um trauma pessoal, tem um choque com um impacto fortíssimo. O seu grau de resiliência determinará a sua capacidade de resposta.
Não querendo fazer deste artigo uma aula de psicologia, adianto um pouco do que as neurociências nos dizem e de como este “palavrão” pode, efectivamente, significar algo para as nossas vidas.
Para começar, a resiliência é uma capacidade (ou competência) passível de aperfeiçoamento. Assenta em 3 fases: a redução da vulnerabilidade inicial, a resistência ao impacto dos eventos e a capacidade de reconstruir rapidamente uma resposta e uma atitude positiva. De facto, somos mais afectados pelo choque quando não estamos preparados. Por exemplo, o conhecimento mais aprofundado da realidade, a consciência das questões que dependem de nós e daquelas que não podemos mudar, dá-nos a serenidade para não nos perdermos no “turbilhão”. A racionalização dos eventos sucedidos (achar um sentido para o que aconteceu) e um bom nível auto-análise permitirão evitar uma reacção negativa em cadeia e um “efeito de submersão”, que mergulhe o indivíduo na descrença. Para potenciar um rápido “ponto de inversão” e uma efectiva capacidade de reconstrução, ter-se-á de focar o sentido de missão, de propósito, e da razão de ser dos eventuais sacrifícios e fazer uso da todo o potencial de criatividade e inovação.
Pessoas, Organizações ou Sociedades resilientes evidenciam:
- auto-conhecimento, auto-confiança e visão de futuro;
- orientação/ aceitação da mudança e fácil adaptabilidade;
- baixos níveis de ansiedade e noção das prioridades;
- elevados níveis de maturidade emocional, criatividade e inovação;
- orientação a valores e sentido de Comunidade.
Escusado será dizer, em jeito de conclusão, que a sociedade portuguesa precisa, urgentemente, de ganhar Resiliência. Precisa de ganhar auto-consciência do seu estado, das suas forças e fraquezas, necessidades e potencialidades. Deverá compreender com clareza o que é essencial e o que é acessório, neste momento difícil. E, não menos importante, perceber qual o objectivo, qual a “luz ao fundo do túnel” e de como está nas suas mãos alcança-la. A Resiliência ancorada num forte sentimento de esperança será o ingrediente essencial da nossa vida colectiva.

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