Thursday, June 16, 2011

No Jobs for the Boys? Sim, agora é mesmo a sério!


Os cerca de 60% de eleitores que fizeram uso do seu direito cívico, deram uma maioria clara e confortável ao PSD para, com o CDS, promover a mudança política, social e económica do País. Relevo estas 3 áreas para enfatizar que, de facto, a mudança será profunda e completa. Depois de uma campanha eleitoral em que abundou a demagogia, o populismo, a vitimização e o ajuste de contas, teremos agora de trabalhar para restauramos o mínimo de viabilidade financeira como Estado soberano, que ainda tentamos ser.
Nestas épocas, com mais ênfase desde que Guterres usou a célebre expressão dos “jobs” e dos “boys” em 1995, é usual aparecer na agenda diária a polémica da substituição das pessoas do partido A (que perdeu) pelo partido B (que ganhou), numa cascata de nomeações nacional – regional – local.
Tudo isto, convém desde já clarificar, é cultural, justifica-se em parte pelo nosso carácter latino, e vê-se também em países como a Espanha, Itália ou França. Somos uma sociedade dita “orientada ao colectivo”, ao sentimento de grupo, ao laço de pertença e pouco dada a orientar as nossas decisões ao individuo, ao mérito e aos resultados. É vulgar o pensamento de “se este é um dos nossos, vamos ajudá-lo e colocá-lo naquela função”…até pelos “serviços que prestou ao partido!”.
Se isto é explicável não quer dizer que seja tolerável e aceitável. Direi mesmo que é totalmente impraticável no futuro, se queremos de facto evoluir para uma sociedade transparente, focalizada em resultados e em que o mérito seja o único factor de decisão de nomeações políticas.
Não sou um idílico que defenda a absoluta inexistência de cargos de confiança política e algumas posições de assessoria e trabalho político, úteis para que o que é definido na estratégia tenha impacto real na execução. Mas, como sabemos, em Portugal passámos “do 8 para o 80” (em que, nos últimos 35 anos, ninguém é inocente), com autênticas tribos partidárias que preenchem cargos políticos e técnicos ao sabor das marés eleitorais.
Defendo uma maior profissionalização da vida política e daquilo que considero serviço e gestão da coisa pública. Se queremos ter uma administração pública eficaz, que faça mais com menos, não podemos estar a alimentar clientelas partidárias. Utilizando uma expressão que ouvi há meses, diria que é necessário que os partidos comecem a “descolonizar o Estado”. Cargos de execução técnica não devem ser substituídos apenas pela questão do cartão partidário. As avenças e assessorias, as nomeações para empresas publicas e semi-publicas e até para fundações devem também deixar de lado o compadrio partidário.
Ajudaria bastante se a nossa Administração Pública tivesse um grau de transparência similar à dos EUA onde, no começo de cada ciclo governativo, sabe-se, a priori, que vagam um conjunto definido de cargos de nomeação directa do Presidente. Em Portugal, como não há números objectivos e os processos de nomeação aparecem avulsos nas últimas páginas dos Diário da República, temos tido os excessos que todos conhecemos.
O PSD assumiu este compromisso! Portanto, acredito, sem qualquer ingenuidade, que desta vez é a sério: não haverão mais jobs habituais para os boys do costume. Por uma questão ética, de princípios (moralizar a vida política e pública) e por uma questão racional e material (menos estruturas, menos recursos, mais resultados). Penso que são razões suficientes!

Carlos Sezões

Thursday, June 02, 2011

Do medo à coragem de mudar


A campanha eleitoral que está prestes a terminar foi dominada por duas grandes ideias: uma que propõe a mesma receita que levou o país à falência e outra que devemos mudar muito da nossa forma de viver em sociedade. Mudar custa! É uma verdade incontornável! Temos, efectivamente, uma tendência para mantermos uma convicta “zona de conforto”, baseada em mantermos o que sempre tivemos, fazermos como sempre fizemos e olhar com desconfiança quem se atreve a sugerir o contrário. É por isso que, no momento em que escrevo, as sondagens continuam a mostrar apenas uma ligeira vantagem entre quem assume o desejo de mudar e quem tem ainda medo de mudar.
Mas, na minha óptica, esta é a eleição em que as opções estão mais claras que nunca, em termos da necessidade de mudança e de quem merece ganhar e quem merece perder.
O diagnóstico já está feito e o retrato da herança é reconhecido por todos: um défice recorde nas contas públicas, uma dívida brutal que demorará décadas a pagar, um desemprego de dimensões trágicas e mais uma recessão na economia portuguesa, quando todas as outras economias já começaram a crescer.
Esta descrição deveria bastar para elucidar qualquer português sobre quem não merece continuar a governar Portugal – refiro-me naturalmente a Sócrates e ao PS.
Mas podemos ir mais longe e falar sobre quem merece e porquê.
Pedro Passos Coelho chegou à liderança do PSD há pouco mais de um ano. É um político invulgar. Todos os que, como eu, já tiveram a oportunidade de o conhecer pessoalmente, podem atestar a sua seriedade, o seu sentido ético e o seu bom senso para distinguir o que fundamental do que é acessório. Não está para ilusionismos ou para o tacticismo mediático do dia-a-dia. Sobre o seu carácter basta um episódio emblemático: quando saiu da Assembleia (com 35 anos), renunciou à reforma vitalícia a que tinha direito como deputado, tendo sido o único a fazê-lo nas últimas décadas.
É uma pessoa altamente preparada, conhecendo bem os males deste País, suas causas e respectivas terapias. Pedro Passos Coelho tem um projecto! Tem um conjunto de opções definidas, baseadas numa visão moderna do Estado e da Sociedade, que coloca as Pessoas no centro da Política e lhes dá poder de decisão e uma cultura de exigência – na Economia, na Justiça, na Educação, na Saúde…. Que coloca as capacidades de inovação dos Portugueses como grande aposta desta geração. Que nos diz, muito simplesmente: vamos criar em Portugal, um ambiente seguro, saudável e competitivo que nos dê liberdade e responsabilidade, para que possamos ter os resultados que ambicionamos.
É ousado? Certamente! Mas não é mais do que muitos países da Europa fizeram com sucesso nos últimos 15 ou 20 anos, enquanto nós, em Portugal, resolvemos continuar a empobrecer à sombra de um Estado arcaico, ineficaz e endividado.
Dia 5 de Junho será decisivo. O medo deve ser superado e dar lugar à coragem de mudar, até porque as ilusões vendidas pelo poder actual não são mais que fogo-de-artifício, que acabará inevitavelmente na noite eleitoral.
Ou aprendemos com os erros do passado e começamos a remover os bloqueios ao desenvolvimento de Portugal ou ficamos um rectângulo ingovernável, num canto da Europa. Para os que agitam fantasmas sobre a mudança, apenas respondo: quando se sabe para onde se vai e como se vai, com uma visão sólida de futuro, a mudança vale sempre a pena!