Saturday, January 01, 2011

2011…para que servirá?


“O pessimista queixa-se do vento, o optimista espera que ele mude, o realista ajusta as velas” (William George Ward)

É verdade, 2011 está à porta. Não vou aqui entrar em banalidades sobre a enorme importância e os problemas incontornáveis que enfrentaremos no próximo ano. Todos os anos nos colocam desafios e, desde que os queiramos enfrentar com coragem e determinação, podem sempre tornar-se tempos de mudança e de sucesso nas várias dimensões das nossas vidas.
E é precisamente isso que pode marcar a diferença: a responsabilidade individual e as escolhas que fazemos. Algo que, confesso, parece estar fora de moda. De facto, no contexto de crise actual, vejo cada vez mais gente a entrar na fase da “reivindicação”. O que se pede: tudo! Desde emprego para toda a vida, saúde, educação e auto-estradas gratuitas, férias, feriados e respectivas pontes, aumentos salariais reais, enfim, a qualquer lado onde a imaginação (e o hábito das últimas décadas) nos levar. Curiosamente, ninguém explica como se pode sustentar tamanha ambição.
E aqui a racionalidade não abunda. Efectivamente, o que pode o comum cidadão pensar ou fazer quanto nas mais altas esferas politicas se revela a maior ignorância, demagogia e insensatez? Exemplos? Temos candidatos presidenciais a clamar contra os “mercados” maquiavélicos que conspiram contra nós mas ninguém explica onde é que, de forma alternativa a esses mercados, se pode ir buscar os 40 ou 50.000 milhões de euros de que necessitaremos em 2011. Como podemos continuar a pedir emprestado a 7% quando crescemos a taxas de 0,5% (ou não crescemos, como tem acontecido). Ministros e deputados clamam em defesa dos “direitos adquiridos dos trabalhadores” e do “aumento da produtividade nacional” mas ninguém explica o que se fará para defender ambas. Menos férias e diminuição do número de feriados? Aumento da idade da reforma? E, já que estão tão preocupados com os que têm emprego porque não estão de igual modo indignados com o desemprego estrutural de longa duração e, essencialmente, dos mais de 20% de jovens para quem o mercado de trabalho está fechado? A reivindicação não leva a caminho algum quando está desfasada da realidade.
Muitos dizem que o ano de 2011 será, inevitavelmente, um ano dramático em termos sociais em Portugal. Não sou muito dado a fatalismos e, como tal, estou convicto que muito poderá ser feito em termos individuais e colectivos. O Estado não pode acorrer a tudo por falta de meios e conhecimento da realidade local mas o sector social de proximidade (associações, Misericórdias, IPSS’s) pode…e muito. Contudo, a atitude dominante da sociedade e dos políticos portugueses terá de ser outra.
Se o ano de 2011 pode servir para algo mais nobre e construtivo, penso que a resposta estará numa nova atitude e num exercício de “contabilidade individual”: o que quero receber e o que estou capacitado para dar. No fundo, que atitudes, decisões e acções estão ao alcance da minha vontade e como influenciarão os resultados que vou obter ao longo do tempo, numa evidente relação causa-efeito. Seja em concretizar um novo projecto ou inovação profissional (por conta própria e criando postos de trabalho ou por conta de outrem, melhorando o que já é feito), seja em dar atenção à Comunidade em que se está envolvido (região, cidade, bairro), investir na sua própria educação, na formação e no conhecimento, seja da forma mais simples possível, promover uma boa gestão pessoal/ familiar dos recursos. À falta de melhor, que 2011 nos sirva para isto.


Carlos Sezões

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