Friday, September 09, 2011

Universidade de Verão, Universidade para toda a vida…

Muitos dos que não acompanham a vida política com proximidade terão ficado surpreendidos com o painel de personalidades que, durante uma semana, passaram pela Universidade de Verão do PSD, aqui bem perto, em Castelo de Vide. Da prata da casa (ministros como Nuno Crato, Miguel Relvas e Vítor Gaspar) até ao inesperado Mário Soares, do consagrado António Barreto até políticos internacionais como Mariano Rajoy, provável futuro primeiro-ministro de Espanha. O evento já vai na 9ª edição (tive o privilégio de frequentar a primeira edição em 2003) mas penso que nunca como este ano o seu mediatismo foi tão forte. E, de facto, é surpreendente uma iniciativa de formação partidária ter este impacto. Na minha óptica, tal é merecido e assenta num modelo muito próprio com o qual o nosso sistema (excessivamente) formal de educação poderia aprender e retirar boas ideias. Primeiro, é uma formação intensiva, acessível pelo mérito individual. Cerca de 100 jovens, de elevado potencial, são seleccionados entre centenas de candidaturas e pagam para abdicar de uma semana de férias em prol de aprendizagens transversais, em áreas como a economia, administração pública, política internacional, educação ou ambiente. Em regime de internato, trabalham de manhã à noite: são duas aulas de três horas e uma conferência por dia. Avaliam-se os oradores, trabalha-se em grupo, preparam-se apresentações. Treina-se a capacidade de síntese e argumentação. Os instrumentos são muitos e variados: intranet, circuito interno de televisão, clipping de notícias, jornal diário. E eles próprios, formandos, são avaliados no final. Toda uma cultura de rigor e excelência está visível, começando no cumprimento de horários, terminando nos resultados apresentados. Das várias centenas de alunos já formados, uns são já deputados, outros presidentes de câmara, outros gestores ou dirigentes de instituições diversas. Outros prosseguiram a sua vida longe da política, mas as aprendizagens e os contactos desenvolvidos ficam para toda a vida. Duas lições podem ser retiradas daqui. Primeiro, a imagem que os partidos têm de serem meras escolas de aparelhismo, clientelismo e gestão de ambições é profundamente falsa, e como todas a generalizações, injusta. Depois, é possível com determinação, capacidade de liderança, trabalho e inovação, desenvolver projectos formativos criativos, que conciliando a dimensão cognitiva (conhecimento) com as vivências e partilhas em grupo (cooperação, comunicação, orientação para prioridades e resultados), preparem jovens para uma cidadania e uma participação cívica saudáveis. Aqui, estão a ser formados os futuros líderes que a sociedade portuguesa tanto necessita. Um exemplo que muitos outros poderão (e deverão) seguir! Carlos Sezões

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