Tuesday, March 23, 2010

PSD: Razões para Mudar! (Jornal Registo - 22/03)


O PSD vai decidir o seu futuro no próximo dia 26 de Março. Considero que temos perante nós 3 bons candidatos, cada um com os seus pontos fortes, características e estilos muito próprios.
Aguiar Branco é um político experiente e com provas dadas. Já foi ministro, esteve em várias equipas de direcção nacional do PSD e, mais recentemente, tem realizado um bom trabalho como líder parlamentar. Prima pelo bom senso e pela capacidade de negociação e geração de consensos – algo que tem sido muito importante neste contexto de inexistência de maioria parlamentar. Paulo Rangel é um político ainda jovem, extremamente inteligente, criativo e acutilante, com uma capacidade de oratória bastante acima da média. O seu desempenho no parlamento português e o seu contributo para a vitória do PSD nas Europeias de 2009 mostraram as suas qualidades que, seguramente, muito servirão o Partido e o País nos próximos anos. Mas, com o devido respeito pelas personalidades e qualidades de ambos os candidatos citados atrás, o PSD precisa de mais. Em concreto, precisa de uma Liderança fortíssima, de um Projecto estratégico para o País e de uma Equipa capacitada para mudar a forma como temos sido governados nestes últimos 15 anos. Na minha óptica, encontramos tudo isto na candidatura de Pedro Passos Coelho.
Como todos sabemos, Portugal encontra-se numa situação económica e social gravíssima (que se poderá tornar insustentável num curto espaço de tempo), com a qual não nos devemos resignar e é indiscutível que, sejam quais forem as áreas e indicadores analisados (emprego, crescimento económico, dívida, défice ou outros), o poder político actual não tem encontrado soluções para inverter esta conjuntura. O PSD, dentro da sua matriz reformista, tem de apresentar uma alternativa, uma visão diferente do papel do Estado, que potencie a criatividade e inovação da sociedade portuguesa e liberte recursos para que o Estado se concentre em fazer bem aquelas que são as suas missões fundamentais (segurança, justiça, regulação económica, saúde, educação).
Todo este projecto tem de ter uma ideia integradora, bases programáticas e linhas de intervenção. Passos Coelho já fez este “trabalho de casa”. Para além das ideias já apresentadas em 2008, muitas das quais continuam actuais, o candidato criou e dirigiu durante ano e meio a plataforma de reflexão “Construir Ideias” que, com base no contributo de muitos especialistas da sociedade civil, lhe permitiu ter um diagnóstico muito objectivo e possíveis linhas de acção em várias áreas.
Depois, o PSD precisa de uma Liderança forte e personalizada que, com um novo estilo e novas formas de fazer e comunicar Política, confira ao PSD a credibilidade para merecer a confiança da maioria dos eleitores. Como tal, o futuro Presidente do PSD terá que ter os valores, a experiência e (essencialmente!) a coragem suficiente para desafiar alguns interesses instalados, dar um sentido estratégico ao PSD e, mais tarde, ganhar o País. Passos Coelho já provou ter, no seu trajecto político e na sua vida empresarial, uma excelente capacidade de gestão de pessoas, alinhando a energia, a motivação e o trabalho de todos.
Por último, há que ter uma Equipa. Olhando para muitas das personalidades que estão a apoiar a redacção da sua moção de estratégia, encontramos figuras de incontestável qualidade, vindas da política e dos meios académico e empresarial, representantes de uma nova geração com novas competências e novas formas de olhar para os problemas neste mundo globalizado e sem preconceitos ideológicos arcaicos.
Por tudo isto, aceitei o convite para ser director de campanha da candidatura de Pedro Passos Coelho no distrito de Évora. Estou convicto que é o Líder que melhor serve o PSD. Mas, essencialmente, estou convicto que é o Líder que melhor servirá Portugal!

Carlos Sezões

Monday, March 01, 2010

Trabalhar no século XXI: estamos preparados?


Já por algumas vezes escrevi sobre os desafios da empregabilidade e dos novos patamares de exigência em termos de formação e qualificações. Hoje falo do cenário, daquilo que, na minha óptica, nos espera nos mercados de trabalho deste turbulento e incerto século XXI.
Uma evidência: a natureza e essência do trabalho mudaram nas últimas décadas e mudarão ainda mais, num futuro próximo. Enquanto antigamente, tínhamos o predomínio de sectores primários (extractivos) e industriais, em que havia recursos tangíveis transformados em produtos finais concretos, hoje temos uma realidade diversa, centrada em dois pontos. Primeiro, a primazia dos serviços como grande sector económico e, em termos de valor, a importância dos activos intangíveis. Efectivamente, são as marcas, as inovações tecnológicas, o conhecimento e reputação e os níveis de qualidade que marcam a diferença entre empresas e, num cenário concorrencial, separam as que sobrevivem e florescem das que estagnam e desaparecem. Temos cada vez organizações que, na actualidade, apenas gerem e processam informação e conhecimento e o seu peso no tecido económico tende a aumentar. Isto tem provocado um fenómeno por todos reconhecido de “virtualização” do trabalho, em que o profissional apenas trabalha, a partir de um interface informático, em “matérias-primas” não palpáveis como dados e informação. Isto vem alterar completamente a importância do espaço físico (tornando-o secundário) e do tempo (banalização dos horários). De facto, hoje e cada vez mais, termos mais pessoas a trabalhar sem horários definidos, a terem que corresponder a exigências de prazos e qualidade e não reguladas por rituais diários, fazendo-o muitas vezes à distância (teletrabalho). As competências técnicas não serão tão relevantes como as aptidões para liderar, coordenar, gerir o tempo com eficácia e ter a adaptabilidade para antecipar desafios ou mudar sob pressão.
Para evitar generalizações, muitos dir-me-ão que continuará a ser necessário haver quem ponha máquina a funcionar na indústria, quem cultive os solos e quem coloque os tijolos na construção de um edifício. Sem dúvida! Mas serão, em termos quantitativos, cada vez menos e em empresas cada vez mais pequenas.
Depois temos desafios sócio-culturais, aos quais se tem de dar uma resposta, uma vez que, se ao contexto influencia o Homem, o Homem também condiciona o contexto. De sublinhar, desde já, que a nova geração Y (nome convencionado para designar os nascidos pós-1980) é muito diferente das anteriores, em todas as sociedades ocidentais. Dotada de graus elevados de educação/ formação, procura, genericamente, realização profissional, aprendizagem constante e equilíbrio e qualidade de vida profissional/ familiar – não apresentando uma orientação tão individualista e materialista como a anterior nem a fidelidade a um só local de trabalho, como a geração dos seus pais. Tal origina a necessidade de ambientes profissionais saudáveis, com um misto de foco nos resultados, cultura do mérito e qualidade de vida. E por outro lado, com o cenário de globalização e desregulamentação, tal conferirá maior dimensão ao fenómeno da mobilidade, a nível regional, nacional e internacional. Teremos pois, ambientes de trabalho mais multiculturais e diversificados, em que a única coisa constante será…a mudança.
Por último, duas preocupações demográficas. Primeiro, o envelhecimento da população activa o que originará, a curto prazo, uma enorme percentagem de trabalhadores acima dos 50 anos. Como enquadrá-los, como conseguir uma contínua actualização de competências ou (olhando por uma óptica positiva) como aproveitar o seu capital de experiência e conhecimento? Em segundo, a já pré-anunciada regressão da população, se não se alterarem as tendências da natalidade e se a imigração não for de dimensão relevante. Nestes dois últimos pontos, são prementes políticas ambiciosas e eficazes.

Carlos Sezões