Friday, July 09, 2010

Criatividade e Inovação na Política: precisa-se!


Independentemente do enquadramento ideológico e partidário de cada um de nós, penso que é consensual que a Política deste século XXI é bastante diferente da que era feita há 20 ou 30 anos atrás. Por várias razões. Por um lado, temos hoje na sociedade actual públicos mais informados e exigentes, por muito que possam à primeira vista parecer desatentos ou indiferentes. Os níveis de educação e literacia e maiores graus de informação e conhecimento sobre as várias áreas vêm trazer a necessidade de maior objectividade e aprofundamento quando se comunica uma tomada de decisão ou se diagnostica um determinado problema. Mas, quando queremos passar mensagens políticas, temos ainda outro problema. Deparamo-nos hoje, como nunca antes na história, com a concorrência de inúmeros tipos de comunicação diferentes, nos espaços públicos e privado em que se desenrola a nossa vida: mensagens com o objectivo do consumo, do entretenimento, da informação generalista ou mas focalizada, desde o desporto, à música, das festividades populares ou contemporâneas à vida das celebridades.
Mas a maior revolução está a decorrer, indiscutivelmente, com a emergência de novos canais de comunicação, assentes em tecnologias de informação. A grande mudança começou nos websites, continuou com o advento dos blogs e hoje acontece nas redes sociais que todos ou quase todos frequentamos: o Facebook, o Twitter, o You Tube, o My Space, o Hi5 e outras. Para quem não tenha a noção da dimensão deste fenómeno, a título de exemplo, o Facebook tinha cerca de 2 milhões de utilizadores activos em Portugal e o seu crescimento progride a um ritmo imparável. Alguns vídeos dos “Gato Fedorento - Esmiúça os Sufrágios” chegaram a ter cerca de 150.000 visualizações e foram, para os segmentos etários mais jovens, o grande ponto de contacto com a campanha para as eleições legislativas de 2009, então em curso.
Mas, ao contrário do que muitos pensarão “estar” na Internet e nestes novos canais só por si não basta. Eles apenas amplificam, tanto os bons projectos políticos e bons candidatos como os maus. O “segredo” continua a ser, pois, a essência do que queremos fazer na Política (ideias, propostas, programas).
Portanto, em síntese, hoje o patamar de exigência é maior na comunicação política. Um líder político deve ter a capacidade de agir em tempo real sobre os acontecimentos, comunicar de forma eficaz sobre aquilo que realmente importa às pessoas e, simultaneamente, ter uma visão de futuro em que os cidadãos se possam rever. Neste contexto, tendo em conta os factores que descrevi atrás, a criatividade e inovação são essenciais para diferenciar as nossas mensagens políticas. Tanto na forma, como no conteúdo. Regras básicas: mensagens simples, estimuladoras da reflexão, credíveis quanto à sua essência e motivadoras para os seus destinatários, facilitando a identificação e a adesão. Difícil? Complexo? Sem dúvida que sim. Mas não me parece que hajam caminhos melhores para fazer política nos tempos que correm.

Carlos Sezões

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