Monday, February 11, 2008

Obama e o estigma da experiência

Toda a Europa, Portugal incluído, vibra com as vitórias sucessivas de Obama e acredita que um novo ciclo está a emergir do outro lado do Atlântico. Percebe-se o entusiasmo. O homem tem carisma, determinação e uma história de vida que parecem eleva-lo à categoria de predestinado. O seu discurso, agrada ao centro e à esquerda europeias mas também não cria aversão junto da direita. Eu próprio, confesso, sinto alguma inclinação emocional para o tipo e, no presente contexto, não tenho dúvidas que será o candidato democrata com maiores hipóteses de ser eleito Presidente em Novembro.

Mas, no actual confronto com Hillary e na previsível disputa com McCain, enfrenta um estigma do qual se terá de livrar: a questão da experiência. Tanto a ex-primeira dama como o velho herói de guerra apresentam credenciais que, num mundo globalizado, imprevisível e cada vez mais perigoso, podem levar, racionalmente, a algumas hesitações no momento da verdade para o eleitor americano. Hillary passou 8 anos a coadjuvar o marido, no período de maior hegemonia política e económica dos EUA no mundo e McCain já conta com muitos anos de política ao mais alto nível, a somar a credibilidade de militar que foi nas décadas de 60 e 70.

Obama é um político notável de 46 anos, senador há apenas 3, com uma aura de visionário e sonhador que remete para Kennedy, mas terá de convencer que, para além do discurso entusiaste e das propostas de política interna (educação, saúde, segurança social), nas quais não diverge muito da sua colega de partido, tem a maturidade e o status suficiente para chefiar os EUA na luta contra o terrorismo . A seu favor terá o argumento de que muitos dos grandes Presidentes americanos chegaram ao cargo com a fama (merecida) da inexperiência: basta lembrar Lincoln, Kennedy ou Reagan. Veremos se bastará...

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