Saturday, October 06, 2007

Desemprego e demagogias

Os recentes números do desemprego em Portugal que revelam um pesadelo: taxa actual de 8,3 %, sendo o país da União Europeia em que o desemprego mais cresceu nos últimos 12 meses. Questão preocupante nos números, verdadeiramente dramática na perspectiva pessoal e familiar.

Primeira nota: não venho com isto atirar pedras ao actual governo como único culpado e responsável. As causas são muitas e variadas (na maioria das vezes de índole estrutural) e não se encontram nas explicações simplistas que alguma demagogia político-partidária, frequentemente, nos veicula pela comunicação social. Desde o nosso modelo ecómico de desenvolvimento (sensível a condicionantes externas), à inflexibilidade do mercado de trabalho, ao carácter incipiente do nosso tecido empresarial, a questões culturais inibidoras da capacidade de iniciativa, do empreendedorismo e da inovação, muitas são as razões desta situação.

Segunda nota: não sendo único culpado, será justo reconhecer que o actual governo não tem contribuído seriamente para inverter ou minorar esta situação. A política de propaganda oficial já não engana: não são investimentos avulsos de criação de 100 ou 200 postos de trabalho, por vezes repetidamente anunciados até à exaustão, que escondem ou compensam os sectores em crise que perdem milhares de trabalhadores todos os meses.

Vamos finalmente falar sem demagogias ou má fé? Então comecemos por alguns temas:
- expanção das actuais vias profissionalizantes do ensino secundário, garantindo uma dupla certificação, escolar e profissional;
- aposta em formação para o empreendedorismo, estimulando o gosto pelo risco, pela inovação;
- garantia de ofertas formativas focalizadas nas competências básicas de gestão para empresários/ gestores de PME's;
- orientação dos agentes envolvidos na formação para sectores e funções estratégicas;
- utilização da política fiscal como instrumento para a competitividade;
- flexibilização da contratação e cessão do vículo laboral;
E muitas outras!

Para que não tenhamos os dois extremos no mesmo país: o Portugal dos direitos adquiridos e o Portugal sem oportunidades. Para que o debate sobre o desemprego não se fique pela demagogia fácil ou pela propaganda ridícula!

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