Monday, May 14, 2007

Quem tem medo da nova Europa?

A vitória de Sarkozy transtornou alguns espíritos mais inquietos em diversos meios intelectuais e políticos. A agenda do sujeito é, de facto, uma ameaça para os guardiões do modelo social europeu que ainda não perceberam que, para o bem e para o mal, o seu mundo já não existe. A Europa que está nos planos do novo presidente francês, de Merkel, de Gordon Brown e outros é uma Europa da flexibilidade e da competitividade, sem os traumas ideológicos das gerações passadas. Deverá conciliar a qualidade de vida já conquistada nos últimos 50 anos com as condições básicas que permitam às sociedades do velho continente níveis de performance equivalentes aos seus mais diversos concorrentes. E, em concreto, que condições serão essas: seguramente Estado forte e com autoridade, mas reduzido ao mínimo em termos de funções e dimensão, fiscalidade suave, modelos de educação baseados na excelência e na simbiose com as empresas e sociedade civil, modelos sociais de "garantia mínima" e flexibilidade laboral - apenas para citar algumas. E, em termos políticos e geo-estratégicos, o fim da perigiosa clivagem Europa - Estados Unidos, iniciada em 2003 por alguns senhores que, por egoísmos e tacticismos mesquinhos ou desconhecimento da História, quiseram substituir o atlantismo tradicional das sociedades da Europa Ocidental por visões sem sustentabilidade e sem futuro (ex. as parcerias com o senhor Putin).
E, não menos importante, a noção que a Europa multi-cultural é uma realidade estruturante - como tal, há que desenvolver toda uma cultura de acolhimento e integração. Sim, porque tal como Roma há 2 mil anos, a Europa já não é apenas um continente, ...é uma visão do Mundo, é um estado de Espírito!

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